Diário do Mercado na 3ª feira, 04.04.2017
Mercado avança, aproveitando a calmaria com ausência de notícias adversas
Resumo.
Nos EUA, em discurso, Trump voltou a prometer estímulos a setores da economia, o que animou parcialmente os investidores lá e isoladamente ditou o tom externo de redução da cautela nos mercados pelo mundo.
Por aqui, apesar dos dados econômicos dúbios, traduzindo o ainda enevoado momento econômico, o dia foi de ganhos para o mercado de renda variável e queda do dólar, que reagiram ao dado da produção industrial brasileria e ao adiamento pelo TSE do julgamento da chapa presidencial - o que reduziu as ansiedades dos agentes em relação a reviravoltas no front político.
Ibovespa.
Em predominante estabilidade no período da manhã, o Ibovespa “acordou” com a abertura do mercado norte-americano e reagiu positivamente, mais do que as bolsas de Nova York, ao discurso de Trump.
O presidente norte-americano sinalizou a redução de regulações para projetos de infraestrutura nos EUA, bem como a adoção de medidas sobre a regulação dos mercados financeiros estabelecida pela lei Dodd-Frank. A reboque das promessas do presidente republicano, as commodities metálicas viraram para alta, o que impulsionou as empresas a elas correlacionadas.
Com a Vale liderando as contribuições ponderadas, o Ibovespa findou aos 65.768 pontos (+0,85%), com giro financeiro preliminar, da Bovespa em R$ 5,78 bilhões, sendo R$ 5,46 bilhões no mercado à vista - ambos abaixo da média mensal.
Finalizando o cômputo de março devido ao atraso de 2 dias na disponibilização do dado, a saída líquida de capital estrangeiro totalizou R$ 3,35 bilhões em março. Em 2017, no entanto, o saldo ainda está positivo em R$ 3,54 bi.
Agenda Econômica.
No Brasil, a produção industrial de fevereiro subiu +0,1% ante janeiro. Apesar de aquém do consenso das estimativas dos analistas (0,6%), na decomposição do dado emerge a favorável leitura do subitem bens de capital, que avançou 6,5% na margem mensal, invertendo a queda de 4,1% vista em janeiro ante dezembro.
Além disso, diante do atual cenário recessivo, a indústria mostra certa recuperação, ainda que em lenta trajetória – fato evidenciado pela leitura do dado acumulado dos útlimos 12 meses, que melhorou de uma variação de -5,4% em janeiro -para 4,8% em fevereiro.
No comparativo fevereiro 2017 ante fevereiro 2016, o dado do setor secundário nacional capturou um descompasso, refletindo uma paulatina morosidade de reação, tendo oscilado -0,8%, abaixo da média das projeções, em +0,3%, mas, desacelerando no comparativo janeio-17/janeiro-16 (+1,4%).
Também, domesticamente, a confiança do consumidor medida pela CNI fraquejou. A leitura de 102,0 em março ante 104,4 em janeiro pode ainda não significar uma clara inversão de tendência, já que o indicador tem oscilado entre 100 e 105 desde maio de 2016, mas, seu comportamento remete ao período visto no final do ano passado onde ambos expectativas do mercado e índices de confiança otimistas foram frustrados com a ausência de concretos dados econômicos animadores posteriores.
Câmbio e CDS.
Em predominante alta no período matutino, o dólar inverteu a mão ao longo da sessão, influenciado principalmente pelo adiamento do julgamento da chapa presidencial, bem como da melhoria do clima dos negócios no exterior após o discurso de Trump.
A moeda norte-americana findou o dia cotada a R$ 3,0950 (-0,64%) no interbancário. O CDS brasileiro de 5 anos, oscilava aos 225 pts ante 223 pts da véspera.
Juros.
Os juros, acompanhando o câmbio, operaram em majoritária queda, refletindo não apenas os fatores que influenciaram o comportamento da divisa, mas, também a agenda econômica, com a produção industrial e a confiança do consumidor trazendo a percepção para os agentes que possa existir a necessidade de um corte de juros ainda maior pelo Copom na próxima semana, para possibilitar uma reanimação mais ráipda da economia.
Para a amanhã.
A agenda doméstica, que prevê apenas os índices de gerentes de compras (PMIs) de serviços e composto, além dos índices de preços de commodities perde espaço para a norte-americana, que pesará com o importante ADP – dado do mercado de trabalho, que antecede o destaque da seman, o payroll (criação de vagas na economia) na sexta-feira – bem como a ata da última reunião do Fed, ocorrida no dia 15 do mês passado.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira. 04.04.2017, elaborado porHAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos
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